sábado, 23 de dezembro de 2006

Algo com o extremismo

As pessoas, em geral, quando ouvem falar em "extremismo", tremem. É como se um extremista fosse sempre um assassino pela causa ou algo assim. Isso faz com que todos sejam extremamente permissivos. É como se Hitler fosse o único extremado do planeta e como se Gandhi fosse um moderado. Gandhi não permitia o consumo de "alguns" produtos ingleses em seu boicote. Era extremado, por isso conseguiu mudar algo.

Se se permite um pouquinho mais aqui, outro tanto ali, acaba-se aceitando tudo exatamente como está, ou pior. Para o bem, apenas o extremismo é capaz de mudar algo.

Mas o medo das medidas extremas é mais forte para a maioria dos capitalistas, inclusive. Acabam cedendo um pouquinho pro Estado. Mais um pouco, outro tanto, e, de repente, instaura-se o comunismo. Comunismo é, por assim dizer, a doutrina das permissões. Permite-se que o Estado roube de todos, que alguém menos produtivo roube de você e que você roube de alguém mais produtivo. É a tolerância ao crime.

É cinismo, não menos, pessoas dizerem que defendem a propriedade privada e o saque simultaneamente. Um mínimo de saque permitido corrompe a propriedade privada. Pode-se dizer, portanto, que quem permite o mínimo de saque permite o fim da propriedade privada como última conseqüência de seus desejos.

Daí a justificativa do anarco-capitalismo: a intolerância ao saque. Grosso modo, pode-se dizer que existem apenas dois "sistemas": um permite o saque e descamba em comunismo, o outro é contra saque e leva ao anarquismo.

É preferível, mesmo, um sistema que assume o saque como prioridade a um que finge ser contra ele. O primeiro é mais vulnerável, por se apoiar em bases podres; o segundo resiste por mais tempo, porque, além das bases podres, utiliza-se de subterfúgios "morais". Qualquer radicalismo é mais honesto que qualquer moderação. Qualquer postura é mais honesta que qualquer meio-termismo.