quinta-feira, 12 de abril de 2007

Relativismo moral, direito natural, senso comum e opressão

Um comentário que deixei no blog do Luiz, pertinente para cá:
1) O que normalmente chamam por aí de ética subjetiva, ou relativismo moral, é só mais um nome para "preferência". Se você diz "a ética é completamente subjetiva", isso implica que qualquer pessoa pode fazer o que quiser, sem qualquer restrição. Eu diria que "ética subjetiva" é uma contradição em termos - ética só pode ser objetiva, se não for passa a ser "vontade", "preferência".

2) Quando algumas pessoas dizem que as outras não têm direitos, isso não vai apenas contra a nossa concepção de direitos (propriedade sobre o próprio corpo e sobre os recursos escassos originalmente sem dono), vai também contra o senso comum. Todas as pessoas reconhecem intuitivamente que as outras têm direitos. Quando as pessoas se revoltam com o regime nazista, não é apenas uma preferência estética que elas estão demonstrando. Elas pensam que o fato de o regime ter matado e torturado milhões foi objetivamente errado. Veja o que Roderick Long diz:
"Most critics of Natural Law assume that the burden of proof lies with the proponent of Natural Law — presumably because they see Natural Law as something bizarre and implausible, something one couldn't sensibly believe unless there were a knock-down argument for it. But in fact, to believe in Natural Law is simply to believe that there are moral standards that transcend the practices and customs of any given community — that there are rational grounds for condemning the Nazi regime as immoral, that it is possible to be justified in so condemning it, even if we assume that what the Nazis did was perfectly in accordance with the values of Nazi culture. When we condemn Nazism, we don't ordinarily take ourselves to be expressing a purely personal, subjective preference, like the preference for chocolate over vanilla; rather, our ordinary practices of praising and condemning seem to implicitly assume that there are objective moral standards, i.e., that there is a Natural Law to which manmade laws are answerable."
É por isso que me parece que adotar a terminologia "lei natural" não é absurdo, porque é o mesmo princípio que ocorre a todos quando se pensa em "justiça".

3) O niilismo stirneriano adotado pelos anarco-individualistas contradiz o que eles próprios pregam (fim da opressão, etc). Aliás, a própria noção de opressão individual (e de indivíduo) perde o sentido.

4) Sobre a "opressão" da lei natural, bom, eu já vi socialistas (do tipo coletivista-autoritário) dizendo que é o sistema econômico que "obriga" as pessoas a trabalhar pra viver, que o trabalho não é um "fim" mas um "meio". Se ele tivesse qualificado a afirmação, dizendo que o sistema econômico vigente explora os trabalhadores e os torna mais pobres, eu concordaria. Mas é o mesmo caso da opressora lei da gravidade, que impede as pessoas de voar. É como aquela idiotice do "Manifesto contra o trabalho".