sábado, 22 de setembro de 2007

Lendo agora


Fazia tempo que eu não lia livros de política. Peguei dois agora. The Betrayal of the American Right, de Murray Rothbard, que narra as mudanças no espectro ideológico americano, e The Triumph of Conservatism, de Gabriel Kolko, que é uma reinterpretação da Era Progressista americana.

O livro de Rothbard está bastante interessante até agora; falou da tradição individualista dos anos 1920 nos EUA e como esses autores se localizavam à esquerda do espectro político. Com o New Deal, eles foram rapidamente jogados para a direita e tachados de reacionários. E, afinal, o livro é sobre meu tema preferido: História das Idéias.

Apesar disso, The Triumph of Conservatism me conquistou logo nas primeiras páginas. Eu sempre gostei de ler coisas mais radicais e malucas, e a tese do livro é tudo isso. Basicamente, Gabriel Kolko pretende demonstrar que, ao contrário do que diz o senso comum, na economia americana não havia uma tendência monopolista e concentradora na virada do século XIX para o XX. Pelo contrário, a tendência era de descentralização e competição. Segundo a sabedoria convencional, naquela época emergiam monopólios e trustes do livre mercado, e o governo progressista americano foi convocado para parar essa tendência através da regulação. Gabriel Kolko quer demonstrar o contrário: não só a tendência monopolista não existia anteriormente como as regulações do governo foram desenhadas especificamente para monopolizar o mercado em benefício dos grandes negócios. É um mindblow.

domingo, 2 de setembro de 2007

Privatização

Posto aqui porque divido o blog com alguém que entende do assunto e que vai ler no google reader e está offline no MSN (oi, Frost, como vai?).

Ao post. Se você freqüenta este blog deve ser a favor de privatizar tudo que é coisinha, não? Uma pergunta que me veio: como privatizar? Na verdade, a dúvida maior é outra: como privatizar coisas inúteis? Quer dizer, talvez a forma mais correta de privatizar um hospital seja doá-lo aos funcionários (se não me avisem, sim?). Mas e uma empresa de transporte urbano, que fazer com ela? O transporte deve ser desregulamentado e a empresa extinta. Que fazer com o prédio? Leiloar e dividir seu valor entre os funcionários foi minha primeira resposta, e também a que me pareceu mais certa.

Mas o fato é que é impossível reverter com justiça os danos que o governo causou a toda a sociedade para construir aquele prédio e manter a empresa durante anos e que os únicos beneficiados eram justamente aqueles que trabalhavam ali (claro, não é possível culpá-los, mas é um fato). A única justificativa que achei para que os prédios públicos sejam doados aos funcionários (incluindo aí os hospitais e tudo mais) não me parece mais que alguma apelação da minha formação cristã: eles ficariam desamparados - exatamente como estavam antes.

Agora, refletindo, claro que o desamparo seria culpa do Estado, que os tirou do mercado competitivo, não exigiu especializações etc. E o povo, que tem a ver com isso? É essa a ligação que não acho: por que o povo de um país deve amparar os que foram desamparados pelo Estado? Não tenho muito a ver com o emprego de nenhum funcionário da EMTU, reguladora aqui de Recife. Por que meus impostos devem construir um prédio para ser doado a quem vai trabalhar nele? Talvez - eis-me defendendo a democracia - um leilão de tudo, com plebiscito sobre onde e como aplicar fosse a medida mais justa. Mas surge outro problema, que eles não acabam jamais: como fazer essa votação? Eleições diretas seriam injustas por dois motivos: há mais pobres que ricos e mais impostos de ricos que de pobres (geralmente). Isso tenderia a distorcer também a devolução mais próxima possível da justa.

É isso. Fique à vontade pra responder com outro post, Frost. A casa é sua, fica com Deus.