Toda vez que há alguma discussão sobre videogames, é a mesma ladainha: "jogos tornam as pessoas anti-sociais". Os defensores dos videogames então falam das várias instâncias em que os videogames incentivam a socialização em vez de isolar o jogador. A premissa implícita é a de que há algo intrinsecamente bom na socialização, em fazer parte de grupos, ou ao menos no contato com pessoas de carne-e-osso. A premissa é falsa. Não há nada de intrinsecamente positivo em socializar-se. Os efeitos positivos dependem muito mais das pessoas com quem se está socializando do que do próprio mecanismo da socialização. Ou seja, sair e andar de skate com pessoas estúpidas e desagradáveis não tem nenhum valor, digam o que quiserem os psicólogos anti-videogames.
Esse tipo discussão sempre esconde um desejo de impor um estilo de vida às outras pessoas. É como o Serginho Groisman, que não consegue se contentar com o fato de que há pessoas que não se interessam por política e que não gostam de ler. É demais para a mente avançada dele. Da mesma maneira, a cruzada anti-videogames é sempre uma tentativa velada de salvar os jogadores de si mesmos. Porque é impossível que pessoas racionais e perfeitamente saudáveis gostem ou tenham escolhido ficar no computador no MSN ou jogar Metal Gear Solid em vez de ir para a praia pegar sol.
Mas essas pessoas que preferem MSN e Metal Gear Solid a praia e socialização existem e não vão mudar porque tem gente que não gosta do estilo de vida delas. É melhor aceitar isso (Serginho Groisman, esse aviso também serve para você).