terça-feira, 16 de julho de 2013

O que queremos para nossas cidades?

Artigo para a fanpage do LIBER.

Queremos que pessoas andem nas ruas, se confraternizem em calçadas, praças e mercados ao céu aberto? Ou queremos que elas tenham que percorrer distâncias cada vez maiores para ver seus amigos?

Queremos que as pessoas morem próximas aos seus amigos, familiares e companheiros de trabalho? Ou será que preferimos que elas tenham que percorrer distâncias enormes em asfalto, vendo somente concreto e outros veículos pelas ruas?

A discussão sobre o "passe livre" nunca é colocada nesses termos, mas é isso que está em jogo. O passe livre é um subsídio ao deslocamento das pessoas de um local ao outro.

Trata-se de zerar a tarifa de umas pessoas e passar os custos para a sociedade como um todo. O efeito é claro: com o custo de utilizar o transporte público fixado em zero, a demanda aumentará - e muito.

O que não se discute, mas deveria estar na pauta, é o fato de que um subsídio ainda maior aos transportes públicos vai aumentar ainda mais a expansão urbana das cidades brasileiras. Em vez de facilitar os deslocamentos de pessoas, dará a elas incentivos para morarem cada vez mais longe umas das outras (já que elas não terão que assumir todos os custos de suas escolhas).

As pessoas viverão distantes de seus trabalhos, de seus amigos, de suas atividades sociais, de seus familiares. E as cidades ficarão cada vez mais desertas e tomadas por ruas e vias de acesso. Nós não temos que construir vias de acesso. Nós temos que ter mais lugares onde as pessoas possam e queiram permanecer. Ou seja, não temos que facilitar a chegada das pessoas a outros lugares; nossas cidades devem possuir lugares onde as pessoas podem chegar.

Deve-se ter em mente de que uma versão parcial do "passe livre" já é aplicada em maior ou menor grau em todas as cidades brasileiras. As tarifas de transporte não estão necessariamente ligadas às distâncias percorridas, dando incentivos para que as pessoas morem mais longe. Isso leva os mais pobres a morarem em periferias, como denuncia a esquerda há anos. Infelizmente, os esquerdistas defendem medidas que levarão a um isolamento urbano cada vez maior dos pobres.

A solução para a situação deprimente do transporte público no Brasil é o contrário absoluto do que se propõe: passa pela privatização dos transportes e pela liberalização do mercado.

Assim, as tarifas, as linhas e os tipos de transporte serão flexíveis. As pessoas não estarão presas às linhas decididas pelos burocratas. Elas poderão viajar em vãs, mototáxis, táxis com tarifas diferenciadas, caronas coletivas, ônibus, micro-ônibus, shuttles e o que mais os indivíduos conseguirem imaginar.

Isso também levará a uma revitalização das nossas cidades. As pessoas tenderão a internalizar todos os custos de morar e trabalhar em um local. Se precisarem se transportar de um ponto a outro, contarão com o conforto de um mercado competitivo, que leva a preços mais baixos e serviços cada vez melhores, sempre.

O pior dos mundos é o que nós temos: um mercado cartelizado, corporativista e controlado pela politicagem de plantão. Dilma Rousseff planeja estabelecer uma secretaria nacional para o transporte público. É uma pena que não tenha ocorrido à nossa presidente "tecnocrata" que os brasileiros necessitam exatamente do contrário: precisam do gostinho de um mercado desobstruído na hora de voltar para casa.