Eu nunca fui marxista, era um tipo de social-democrata senso comum (defensor de cotas, p. ex.). No ensino médio, eu me interessava por história e política e, assim, acabava comprando a versão socialista do mundo dos meus professores. O que eu estranhava, no entanto, era o fato de autores que se diziam "críticos" não rejeitarem tanto a idéia do individualismo. Para mim, era a própria qualidade de indivíduo deles que permitia que eles criticassem qualquer coisa. Me parecia que eles confundiam individualismo com ganância ou egoísmo. Anyway.
No segundo ano do ensino médio, quando eu tinha 16 anos (hoje tenho 19, não faz tanto tempo), eu achei alguma coisa na internet sobre individualismo, e achei incrível existir outra versão dos fatos (estudantes do ensino médio não sabem que existe mais de uma interpretação das coisas, muito embora a maioria que goste de história e política fique xingando os outros de alienados etc). Descobri até que existia uma explicação diferente e mais coerente da crise de 29, achei sensacional.
Mas foi só por causa de um artigo de Alceu Garcia no antigo Indivíduo que eu me interessei definitivamente pelo liberalismo e especificamente por economia. Eu nunca achei que a maior parte das coisas que se dizia sobre economia fazia sentido. Inflação, pra mim, sempre foi expansão monetária e não "aumento geral no nível de preços". Inclusive, em qualquer aula sobre de história do Brasil o encilhamento, nós vemos que foi a expansão desenfreada de moeda que levou a República Velha ao colapso econômico. A partir desse artigo de Alceu Garcia, eu fui procurar mais coisas sobre a escola austríaca (eu já vi essa história sendo contada tantas vezes que podia editar um livro chamado "It Usually Begins with Alceu Garcia"). O que me atraiu nela foi que os austríacos tentavam apresentar uma explicação dedutiva da economia, com conclusões inequívocas.
Só que, embora a escola austríaca fizesse uma defesa convincente da economia de mercado, para mim faltava alguma coisa. Eu precisava de uma defesa moral da propriedade privada. Eu já conhecia a tradição do jusnaturalismo e, para mim, parecia plausível que todos tivessem direito às suas propriedades. Esse é o senso de justiça de todo mundo (não roubar), embora muitas vezes as pessoas não ajam de acordo com ele (como quando elas votam por medidas regulatórias e redistributivas). Enfim, procurando por uma justificativa moral da propriedade privada, eu encontrei Robert Nozick e Ayn Rand. Eles também me atraíram porque não eram anarquistas e na época eu não queria rejeitar completamente o estado. Eu detestei Anarquia, Estado e Utopia, de Nozick. Atlas Shrugged de Ayn Rand também não me convenceu que A = A justificava moralmente a propriedade privada. Foi só quando eu encontrei um artigo de Hans Hoppe sobre o tema que eu me convenci da moralidade da propriedade privada (eu também já li críticas a ele, mas me parecem misguided).
Finalmente, uns seis meses atrás eu comecei a visitar os blogs da libertarian left e, ao ler um debate de Roderick Long com um objetivista, me convenci que o anarco-capitalismo não só é viável, mas é moral e economicamente superior. That's where I stand.
terça-feira, 3 de abril de 2007
Como me tornei um liberal
Esse foi um texto que postei há um tempo numa comunidade do orkut, mas esqueci de postar aqui. Então lá vai: