sábado, 30 de junho de 2007

Sherlock Holmes, detetives em geral e eu

Mal posso acreditar quanto tempo - 19 anos, cada um deles com um peso moral quase insuportável - passei sem saber quais prazeres que Sherlock Holmes era capaz de proporcionar. Sempre tive a idéia de que detetives da literatura eram frios demais, inumanos demais. Era somente um preconceito, mal conheço a literatura em geral, muito menos o gênero específico dos detetives. Talvez essa preferência por personagens mais humanos seja vulgar, mas era algo que realmente me incomodava: a tendência de atribuir todas as qualidades aos heróis. Sherlock Holmes, no entanto, é impaciente, fica com raiva, não calcula tudo o que vai acontecer. Me sinto meio banal por requerer algo tão comum dos personagens, mas eu tinha que sentir que eles tinham um coração batendo no peito. Sherlock Holmes, embora possua um poder de abstração fora do comum, e informações absurdas, me parece vivo e conseguiu quebrar, ao menos um pouco, o preconceito que eu tinha. Depois de ler o livro ao lado, A Ciclista Solitária e outras histórias, da maravilhosa L&PM Pocket (215 pgs.), posso partir para detetives mais hardcore (mas ainda rezo para que eles sejam seres vivos, não apenas incríveis máquinas de investigação e resolução de casos).