quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Ainda sobre as escolas

Um amigo comentou algo sobre o post anterior. Segundo ele, a escola poderia ser considerada um "sinalizador". Isto é, ela poderia indicar às pessoas quais são suas inclinações. Através da exposição a diferentes matérias, as pessoas são capazes de saber com quais elas se identificam mais para saber qual profissão ou área acadêmica adotar.

Essa era uma objeção na qual eu já tinha pensado, mas por algum motivo acabei não respondendo no post anterior.

Bom, o primeiro e mais óbvio ponto é que, se as matérias escolares servem apenas como sinalizadores, então não deveria ser obrigatório que as pessoas cumprissem certos padrões para serem aprovadas. Por que ser cobrado numa matéria na qual você, supostamente, deve se interessar voluntariamente?

Notas mínimas para aprovação existem para que as crianças e adolescentes sejam incentivadas a estudá-las. Se elas devem se interessar por algo, elas não podem ser "obrigadas" a estudar qualquer matéria.

Além disso, mesmo que cobranças sejam necessárias, essas cobranças só seriam necessárias naquelas matérias que as pessoas pretendem estudar de fato. Porque não faz sentido que pessoas que queiram estudar história sejam obrigadas a saber vários conteúdos de matemática.

O segundo ponto é que, se as escolas são realmente "sinalizadores", são necessários treze anos para que as pessoas saibam o que querem da vida? Não é um tanto sem sentido dizer que crianças de 9 anos estão sendo "orientadas" para sua vida futura quando estudam "ciências"?

É claro que esses argumentos não implicam na abolição da escola, mas implica, no mínimo, sua reformulação.

Como o próprio Richard observou, até as universidades são "sinalizadores". Mas se até universidades servem para indicar o que as pessoas devem fazer no resto da vida, por que fazer com que elas encarem longos enfadonhos anos de salas de aula?

Um modelo mais razoável, me parece, é o universitário americano, que é dividido em dois: college e university. Durante o college, as pessoas podem cursar as matérias que preferirem quase que livremente. Aí elas fazem os "testes" e vêem para onde pendem as próprias inclinações. No university elas passam a ter uma certa rigidez de currículo. Esse modelo já seria superior ao que existe no Brasil.

De qualquer forma, eu continuo considerando as escolas, no mínimo, irrelevantes. O papel delas como "sinalizadores" é apenas incidental. A mesma tarefa pode ser realizada por outros meios, como eu sugeri no outro post. Mas, no máximo, as escolas são prejudiciais. Não é possível justificar que as pessoas joguem fora anos e anos de suas vidas dentro de salas de aula.