sexta-feira, 26 de abril de 2013

As Filipinas contra Hobbes


No primeiro episódio da série Vice, falaram da situação das Filipinas, que, apesar de seu estado democrático centralizado (com uma constituição copiada da dos EUA, inclusive), em época de eleição se torna um campo de batalha. Os políticos formam exércitos pessoais e abrem trincheiras de batalha pelo país todo para se matar (literalmente, e levando junto a população civil) pelo poder.

Como é regra nos países subdesenvolvidos, ser político nas Filipinas é extremamente vantajoso - traz influência e poder econômico. Lá, porém, é também o lugar mais perigoso do mundo para entrar na política. Em dez anos, foram 1200 assassinatos políticos.

O que é algo um tanto interessante para o argumento hobbesiano sobre a necessidade de um estado centralizado. Segundo ele, não é possível haver paz social sem uma centralização estatal. Mas o caso das Filipinas demonstra que a mera centralização claramente não é suficiente para trazer essa paz (evidentemente as Filipinas não são o único caso que falseia a ideia de Hobbes, mas talvez sejam um dos casos mais extremos).

Logo, a centralização do poder estatal deve vir acompanhadas de outras condições sociais acessórias. Digamos que centralização sem as condições X, Y e Z não traz o resultado pretendido (o fim da guerra de todos contra todos do estado de natureza, neste caso).

Manter ou acabar com o estado, assim, não é o fator que traz, em si, a paz ou o conflito; são as condições X, Y e Z.

Analogamente, anarquistas não necessariamente precisam defender qualquer tipo de anarquia (ou seja, até mesmo "anomias", em que não há qualquer ordem social). Eles podem defender anarquias que também satisfaçam as condições X, Y e Z - da mesma forma que defensores do estado se veem forçados a só defendê-lo quando ele satisfaz essas condições de paz social.