quarta-feira, 17 de abril de 2013

O problema com as soluções de mobilidade urbana

Problemas de mobilidade urbana tendem a ser tratados como problemas de engenharia de tráfego.

Assim, vários movimentos sociais que discutem a questão do transporte público acabam se iludindo com soluções como faixas exclusivas para ônibus, novas linhas de metrô e ciclovias (em geral porque transportam mais gente utilizando uma área menor).

Isso é um erro.

A questão não é mais transporte público, embora, de fato, um transporte coletivo de qualidade faz com que uma cidade suporte uma densidade demográfica maior.

O real problema, porém, é fornecer incentivos para que o transporte coletivo se adeque às necessidades dos consumidores. Faixas exclusivas para ônibus, por exemplo, não fazem isso. Pelo contrário: elas trancam os itinerários dos ônibus a determinados locais e fazem com que a cidade se espalhe em volta das linhas. O objetivo é o contrário: fazer com que as linhas se adequem à cidade e não a cidade às linhas.

A ideia é que, não importa onde forem, as pessoas tenham a possibilidade de ter transporte para outros locais da cidade. O planejamento central do transporte coletivo, como acontece na esmagadora maioria das cidades atualmente, porém, é incapaz de fazer isso. Ele não tem incentivos adequados.

Só um mercado seria capaz de responder às necessidades de transporte dos habitantes de uma cidade - da mesma forma que um mercado atende às necessidades de compra de alimentos de uma determinada região. Por que uma burocracia faria linhas de trem ou ônibus atendendo às necessidades de uma região que cresce na cidade?

Uma melhora do transporte público dentro de uma determinada região só afrouxa o cinto. Ganha tempo, mas inevitavelmente o transporte coletivo piora.