terça-feira, 26 de novembro de 2013

A ficção e a realidade do Mensalão

Comentário para o LIBER.

A imagem de José Genoíno com uma toalha presa ao pescoço e o punho em riste é emblemática por demonstrar o tamanho da desconexão entre a realidade e a ideologia dos petistas. Genoíno se considera um herói e conta com a concordância da mídia chapa branca brasileira, que fala do escândalo do Mensalão entre aspas.

Para os petistas, tudo o que fizeram foi necessário para o crescimento do país e para alcançar o ideal socialista (dois objetivos que se misturam, para eles), enquanto coisas como as estruturas formais de limitação do poder são apenas aborrecimentos que devem ser superados. Mas Genoíno não é um herói e tratá-lo como tal, como "preso político", é uma afronta a qualquer resquício de estabilidade institucional que existe no Brasil.

Os petistas não se importam com a destruição dos mecanismos de limitação de poder constitucionais porque o poder está nas mãos deles no momento. Mesmo assim, com uma boa dose de dissonância cognitiva (e racismo não tão velado), conseguem condenar Joaquim Barbosa como um "traidor", como "capitão-do-mato", por ter condenado os mensaleiros - e assim os petistas continuam se considerando vítimas do sistema.

Segundo a narrativa petista, os mensaleiros não fizeram nada além de lutar por um Brasil melhor e estão sendo presos por um regime proto-ditatorial. A realidade, porém, é que eles mesmos tentaram empurrar o estado brasileiro no caminho da ditadura e foram presos por isso. Aí está o abismo entre a realidade e a ficção petista.

Talvez por alguma lógica distorcida Genoíno e Dirceu realmente sejam presos políticos e vítimas do sistema, já que o sistema, ao menos até agora, condena proto-ditadores e oprime quem tenta destruir as poucas bases liberais da política do país.

Evidentemente nós não podemos nos enganar: a condenação dos responsáveis pelo Mensalão não significa tanto no cômputo geral. Mas é uma pequena vitória simbólica. Um simbolismo que os mensaleiros querem roubar (também!), mas que os libertários não devem permitir.