quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Gregorio velho do estado que já está aí mesmo



Gregorio Duvivier fez uma coluna sacaneando os liberais. Até esclareceu o que quis dizer em alguns posts no Facebook. Pedro Menezes e Rodrigo da Silva responderam melhor do que eu conseguiria. O assunto se esgotou. Então eu sacaneei Gregorio Duvivier.

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Não sou marxista, stalinista, petista ou lulista, até porque sou humorista e não acredito nessa coisa de ideologia. Dizem isso só porque eu defendo aquele estado maroto, presente, fomentando e intervindo. É claro que eu defendo: que seria da classe artística sem um editalzinho? Se for depender do privado, a gente fica sem cinema da retomada, sem teatro alterna, sem dança contemporânea, esse monte de coisa que a classe média adora mas não sustenta. Tudo que é privado é uma droga: Calypso não precisa de subsídio, né?

Pensa bem, o mundo não seria muito melhor se todos vivessem de edital cultural e concurso público? Repartição pública é meio deprimente, mas sem elas o que seria da juventude desse nosso país? Tenho certeza de que o mercado de cursinhos ajuda muito a nossa economia.

Todo mundo sabe que os melhores hospitais são privados, mas eu, que não sou direita-nem-esquerda-mas-comediante, acho que o problema é que o estado não é atuante o bastante. Quarenta porcentinho da produção nacional abocanhada pelo governo não é o suficiente. Acho que esse governo está muito acanhado na arrecadação, está na hora de um esforço maciço de achaque do contra-cheque do trabalhador, senão o SUS não aguenta.

Educação está no mesmo bonde. A particular pode ser até melhor, mas a culpa é da falta de grana, de professores, de material, de salas, de almoço, mas do governo não pode ser. Acredito que o governo faria bem se não fizesse mal. Diria Falcão, pior seria se pior fosse.

Aí vocês me perguntam: e aqueles que não têm acesso à saúde nem à educação pública? Ninguém mandou nascer no Brasil, amigo. Se vira aí. O mundo é meritocrático. Se quiser entrar em universidade pública top que nem a USP, estuda para a Fuvest. Mamar na vaca você não quer, hein? Aí você vai me dizer que só entra numa universidade pública uma pequena minoria. Ora, eu não ralei minha bunda todo dia no cursinho para colocar meus filhos na mesma faculdade que o meu motoboy.

Quando o motoboy cair da moto e morrer na fila do SUS, tudo muda. Aí a família dele pensa: "Puxa, precisamos melhorar a saúde pública". Então os parentes votam em alguém melhor na próxima eleição. Eles vão se esforçar mais para mudar os rumos de Pindorama. Chega de inércia política. Se o povão aprender a escrever e fazer conta e ainda tiver bom atendimento médico, acaba acomodado. Aí não dá. Principalmente porque tem que sobrar grana para a música instrumental depois de financiar a saúde.

Bom mesmo era entregar o país nas mãos de um puta político. Tipo a Dilma, o Lula, o FHC, o Collor, o Sarney. O JK foi um herói, segundo a mini-série. Jango, um injustiçado, e o Jânio tinha a vassourinha que varria a corrupção. Se o político passado não resolveu o problema, a gente tenta outro até dar certo. A gente pode continuar tentando o mesmo método que dá errado há um século, uma hora tem que encaixar. É que nem trocar de técnico no futebol, vai que resolve. É disso que o Brasil precisa: mais estado e impostos se necessário, para financiar nossa saúde, educação, talvez uns editais para os meus colegas, uns financiamentos subsidiados para o Eike, uns concursos para a classe média que lota os espetáculos do Z.É.: Zenas Emprovisadas.

Não preciso nem ligar para político nenhum. Tudo que eu quero é o que já existe mesmo.